A LEALDADE MAÇÔNICA NA GUERRA PELA INDEPENDÊCIA AMERICANA
A
LEALDADE MAÇÔNICA NA GUERRA PELA INDEPENDÊCIA AMERICANA
A influência da
Francomaçonaria no curso da Guerra da Independência Americana foi tanto direta
e oblíquo como geral e particular. Em alguns casos, ela se serviu de condutor
para as atividades políticas e, até mesmo, revolucionárias. Assim, por exemplo,
a St. Andrew’s Lodge em Boston desempenhou um importante papel na “Boston Tea
Party” (Festa do Chá de Boston) e, também, fornecendo um presidente para o
Congresso Continental, John Hancock. A Francomaçonaria emprestou as suas
atitudes e valores ao recém formado Exército Continental, e pode muito bem ter
tido algo a ver com a nomeação de George Washington como Comandante-em- Chefe.
Ela também constituiu uma trivial união fraternal com voluntários do exterior,
tais como Steuben e Lafayette.
Marie-Joseph Paul Yves Roch Gilbert du Motier
(Marqués de La Fayette)
De maneira menos
direta e menos comensurável, ela ajudou a criar uma atmosfera geral, um clima
ou ambiente psicológico que ajudou a formar o pensamento e a opinião não apenas
de irmãos ativos, tais como Franklin e Hancock, mas também de francomaçons. Sem
a Francomaçonaria do sepculo XVIII, os principios no âmago do conflito –
liberdade, igualdade e fraternidade, tolerância, os direitos humanos – não
teriam tido a aceitação geral que tiveram. É verdade que esses principios
deviam muito a Locke, Hume, Adam Smith e les philosophes na França. Porém, a
maioria, se não todos, desses pensadores era formada de francomaçons, ou
pessoas que circulavam em meio a rodas francomaçônicas, ou que eram
influenciadas pela Francomaçonaria.
Porém, a
Francomaçonaria também se infiltrou pelos níveis mais rasos. Ela não apenas
ajudou a formar os ideais subjacentes à Guerra Americana pela Independência.
Ela não apenas afetou o pensamento e a opinão dos políticos e estadistas, dos
planejadores de alto escalão e homens com poder de decisão. Ela não apenas deu
cor as atitudes de homens como Howe, Carleton, Cornwallis, Washington, Lafayette
e Steuben. Ela também abrangia os “baixos escalões” da guerra, os soldados, que
encontravam na Francomaçonaria um elo de união e um principio de solidariedade.
Isso era particularmente verdadeiro no Exército Continental, em que, na
ausência de tradições regimentais, a Francomaçonaria formou as bases para uma
élan vital (força vital) e um spirit of corps (espirito de corpo). O mesmo
aconteceu no Exército Britânico; no entanto, a Francomaçonaria moldou os elos
não apenas entre os soldados mas também entre os soldados e os seus oficiais.
Assim, por exemplo, entre os membros da Loja de Campo do 29th Foot (posteriormente
denominado de Worcestershire Regiment), estavam dois tenentes-coronéis, dois
tenentes e oito soldados. A Loja de Campo do 59th Foot (mais tarde denominado
de East Lancashire Regiment) tinha um tenente-coronel, um major, dois tenentes,
um cirurgião, um maestro, três sargentos, dois cabos e três soldados.
Spirit of Corps (Espirito de Corpo)
Igualmente, a
influência da Francomaçonaria não estava limitada aos grupos nos batalhões
militares enviolvidos; a influência também podia ser observada entre os
adversários. A Guerra Americana pela Independência é rica em fatos que
testemunham a maneira pela qual as lealdades francomaçônicas condicionavam, e
muitas vezes chegavam até a transceder, todas as demais.
Entre os mais
próximos aliados do Exército Britânico durante a guerra, estavam os indios Mohawks,
liderados pelo famoso Chefe, Joseph Brant.
Joseph Brant
Antes do conflito, a
irmã do Chefe Brant se casara com Sir William Johnson, Grão-Mestre Provincial
de New York e um aliado de Amherst. Durante uma visita a Londres em 1776, o
próprio Brant foi iniciado como francomaçom. Mais tarde, naquele mesmo ano,
durante a frustada invasão do Canadá pelos colonizadores, um certo capitão
McKinstry foi capturado por alguns dos membros da tribo do Chefe Brant,
amarrado a uma arvore e cercado de lenha de fogueira, com os indios prontos a
atearem-lhe fogo. Quando McKinstry fez o S...l
de S...o M...o, o Chefe Brant reconhece-o e imediatamente ordenou a sua
soltura. Ele foi encaminhado a uma Loja britânica em Quebec, que tomou as
providencias para sua repatriação.
Um outro caso foi a
de um prisioneiro maçom capturado por Howe durante a tomada de New York. O tal
maçom chamava-se Joseph Burnham. Ele conseguiu escapar, fugindo a pé, e uma
noite encontrou refúgio sobre as tábuas que formavam uma parte do teto de uma
Loja local. Como as tábuas não estavam pregadas, elas se separaram e Burnham
caiu bem no centro da Loja em reunião com os presentes sobressaltados oficiais
britânicos que eram maçons. Então, Burnham fez os sinais necessários e os
oficiais britânicos fizeram uma generosa contribuição ao Irmão Burnham que, em
seguida, foi transportado em segredo e cuidado no litoral de Jersey.
Numa outra ocasião,
Joseph Clement, um francomaçom britânico do 8th Foot (depois denominado
Liverpool Regiment) servia num destacamento de guardas-florestais quando,após
uma escaramuça, viu um indio se preparando para escalpelar um prisioneiro
colono. Fazendo o devido sinal francomaçom a Clement, o prisioneiro pedia por
seu socorro. Clement mandou que o indio se afastasse e levou o prisioneiro a
uma fazenda que havia por perto, onde
foi tratado e assistido, sendo em seguida mandado para casa. Alguns meses
depois, no norte de New York, o proprio Clement foi capturado e colocado numa prisão
local. Dizem que o seu guarda era exatamente aquele homem cuja a vida Clement
havia salvo pouco meses antes. Nauela noite um amigo se aproximou e
confidencio-lhe que, ao amenhecer, a porta da cela estaria destrancada, e um
cavalo estaria esperando lá fora, possibilitando-lhe escapar para a fronteira.
Esse tipo de relação
que existia entre oficiais e soldados também existia entre os comandantes.
Em 16 de agosto de
1780 Cornwallis se defrontou com as forças coloniais sob o comando de Horatio
Gates e o Barão de Kalb, na Batalha de Camden.
Charles Cornwallis
Quando a posição colonial caiu,
Gates debandou, passando, em sua fuga, à frente de suas tropas. Kalb,
tradicionalmente considerado um francomaçom, foi mortalmente ferido. Ele foi
encontrado pelo segundo-em comando de Cornwallis, Francis Rawdon, Conde de Moira,
que dez anos mais tarde, se tornou Grão-Mestre da Grande Loja da Inglaterra.
Kalb foi levado para a tenda de Moira, onde pessoalmente, cuidou dele por três
dias. Quando Kalb morreu, Moira providenciou-lhe um funeral maçônico.
Em ambos os
exércitos, a Francomaçonaria funcionava como uma espécie de corte de apelação
de ajuda e de reparação de queixas e injustiças. Citando um exemplo do pósguerra,
a Loja de Campo 14th Dragons redigiu uma petição solicitando que a sua
Lojamãe,a Grande Loja da Irlanda, intecedesse junto ao Lord tenente ou ao
comandante-em chefe em favor de um certo J. Stoddart, o oficial-intendente do
regimento. A petição foi enviada ao Coronel Cradock, comandante do regimento e
companheiro francomaçom, “com o pedido desta Grande Loja – para que ele tenha a
gentileza de fazer uso de sua amigável e fraterna influência em favor do
referido Irmão Stoddart”.
Ao longo de toda a
Guerra da Independencia Americana, existem diversos relatos que dão conta que
certificados e paramentos de Lojas de Campo, tendo sido capturados por um lado
ou por outro, foram devidamente devolvidos. Num dos casos, os paramentos do
46th Foot (masi tarde, denominado de 2º Batalhão de Infantaria Ligeira) do
Duque de Cornwallis foram capturados pela tropas coloniais. Por instrução
dadas popr George Washington, eles foram devolvidos, sob uma bandeira de
trégua, com uma mensagem que ele e seus homens “não guerreassem contra
Instituições de Benevolência”.
Numa outra ocasião, a
Carta Constitutiva do 17th Foot (depois denominado de Laeicestershire Regiment)
foi igualmente capturada e também devolvida acompanhada de uma carta do General
Samuel Parson. Esta carta é, eloquentemente, tipica do espirito alimentado pela
Francomaçoanria em ambos os exercitos, e em todos os seus níveis:
“Meus Irmãos,
Quando a ambição de monarcas,
ou os dissonantes interesses dos Esatdos em conflito, provocam e estimulam seus
suditos à guerra, nós, como maçons, estamos desarmados daquele ressentimento ue
estimula a indistinta desolação, e, embora os nossos sentimentos políticos
possam nos impelir à disputa pública, nós ainda continuamos Irmãos, e (à parte
de nossa obrigação profissional) temos de estimular a alegria e a felicidade e
promover o bemestara uns dos outros.
Assim, aceite das
mãos de um Irmão a Constituição da Loja Unity nº 18, do 17th British Regiment,
a qual os seus recentes infortunios colocaram em minhas mãos para que vos fosse
devolvida.
Seu Irmão e obediente
servidor,
Samuel H. Parson”
BIBLIOGRAFIA:
O Templo e a Loja – O
Surgimento da Maçonaria e a Herança Templária – Michael Baigent & Richard
Leigh.
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