domingo, 16 de junho de 2013

O QUE É COWANS?



O QUE É COWANS?


 O QUE É GOTEIRAS (COWANS)?



* Sergio Roberto Cavalcante



The Oxford England Dictionary definition is: `One who builds dry stone walls (i.e., with‑out mortar); a dry‑stone‑diker; applied derogatorily to one who does the work of a mason, but who has not been regularly apprenticed or bred to the trade'.
A definição do Dicionário Inglês Oxford é: alguém que constrói muros de pedras (i. e, sem cimento); construtor de barreira de pedras; aplicado com desprezo a alguém que, apesar de exercer trabalho de um maçom, não passou regularmente pelo aprendizado ou não foi educado para o comércio”.
Cowan is an essentially Scottish trade term, and it belongs to the time when lodges, as trade‑controlling bodies, put restrictions against the employment of cowans, in order to protect the fully‑trained men of the Craft from competition by unskilled labour. The earliest official ban against cowans appeared in the William Schaw Statutes in 1598:
Goteira, essencialmente, é um termo escocês empregado em negócios, da época quando a Lojas, como corpos de controle de comércio colocavam restrições ao emprego de cowans, no intuito e proteger os homens treinados para o Oficio de competirem contra mão-de-obra não especializada (qualificada). A mais antiga proscrição oficial contra os cowans se encontra nos Estatutos de William Schaw, de 1598.
… that no master or fellow of craft receive any cowans to work in his society or company nor send any of his servants to work with cowans, under the penalty of twenty pounds so often any person offends hereunder.
“... que nenhum mestre ou companheiro do oficio receba qualquer goteira para trabalhar em sua sociedade ou companhia e nem enviem seus servos para trabalhar com cowans, sob a penalidade de vinte pounds, aplicada a qualquer pessoa que ofenda ao que aqui está escrito.”
The first record of a breach of this rule is the oldest surviving minute of the Lodge of Edinburgh (Mary's Chapel) dated 31 July 1599; [word for word, in modern spelling:
O primeiro registro que quebra esse regulamento é a mais antiga ata remanescente da Loja de Edimburgo, em Mary’s Chapel, datada de 31 de julho de 1599 {transcrita infra, na forma moderna}:
George Patoun, mason, granted and confessed that he had offended against the Deacon and Masters for placing of a cowan to work at a chimney‑head for two days and a half...
 “George Patoun, maçom, garantiu e confessou ter ofendido o Diácono e os Mestres, por colocar um goteira para trabalhar em uma chaminé ao longo de dois dias e meio...”
He made `humble submission' offering to pay whatever fine might be imposed. Having regard to `his estait' the offence was pardoned, but with a strict warning to all future offenders. The minutes suggest that the Edinburgh masons were very well behaved in this respect, perhaps because of the limited and clearly‑defined area under the control of the Lodge. At Kilwinning, where the Lodge had jurisdiction over a very wide territory, with consequent difficulties of proper supervision, a large number of breaches were recorded and substantial fines were paid in each case. Cowans also appear regularly in the minutes of several other old Scottish Lodges.
Assim, ele se pôs em humilde submissão, oferecendo-se para pagar o quanto lhe fosse imposto de multa. Tendo reparado “sua situação”, a ofensa foi perdoada, porém, seguida de uma advertência estrita a todos os que futuramente desrespeitassem a lei. As atas sugerem que os maçons de Edimburgo se comportassem bem a esse respeito, talvez por causa da limitada e claramente definida área sob o comando da Loja. Em Kilwinning, onde a Loja tinha jurisdição sobre amplo território, com as consequentes dificuldade relacionadas a uma apropriada supervisão, registrou-se grande número de violações e multas substanciais foram pagas em cada caso. Os cowans também aparecem com frequência nas atas de várias outras velhas Lojas da Escócia.
Nevertheless, there are several records for Edinburgh Castle, in 1616 and 1626, where cowans were permitted to work, apparently on certain special duties and when no masons were employed in the same weeks. Some of these unspecified jobs must have been exceptional, because `One cowan received 16s. 8d. a day, one 13s., one 12s., one 10s., and two 6s., as compared with a mason's normal rate of 12s. a day on the same building operations.
Todavia, há vários registros no castelo de Edimburgo, entre 1616 e 1626, em que aparentemente era permitido aos cowans trabalharem, sob certas obrigações especiais e quando não existissem maçons empregados nas mesmas semanas. Alguns desses trabalhos não especificados deve ter sido excepcionais, porque, quando comparado ao valor normal diário recebido por um maçom, de 12 s..., para a mesma construção encontramos que um goteira recebeu 15s.., 8 d por dia, um 13s, um 12s, um 10s., e dois 6s[2]
In the Burgh of the Canongate, adjoining Edinburgh, cowans were able to attain to a higher status and the minutes of the Incorporation of Wrights, Coopers and Masons &c. show how readily the ban against cowans could be lifted when trade conditions (or local circumstances) permitted. On 27 May 1636, John McCoull was admitted to the Freedom `during his lyftyme to work as a cowan any work with stone and clay only and without lime'. For this privilege, he was to pay ú4 a year to the Craft or the boxmaster (i.e. treasurer) in four instalments, with a doubled fine if he failed to pay. On 30 May 1649 Williame Reull was admitted.
No burgo[3] de Canongate, nas vizinhanças de Edimburgo, cowans estavam habilitados a alcançar posição mais elevada e as atas da corporação dos artífices, tanoeiros e maçons mostram como a proscrição dos cowans podia ser facilmente suspensa quando as condições comerciais (ou circunstancias locais) assim o permitissem. Em 27 de maio de 1636, John McCoull foi admitido à liberdade “durante uma vida inteira trabalhando como cowan, fazendo qualquer trabalho apenas com pedra e argila, sem cal”. Por seu privilégio, deveria pagar ao tesoureiro £ 4 para cada ano no oficio, em quatro prestações, sujeito ao dobro como multa, no caso de deixar de pagar. Em 30 de maio de 1649, Willame Reulf foi admitido:
... during his lifetime to work as a cowan any work with stone and clay only without lime except only to cast with lime timber doors cheeks and timber windows and clay chimney heads . . . within the Canongate and whole Regality of Broughton...
 “... durante uma vida inteira trabalhando como um cowan fazendo qualquer trabalho apenas com pedra e argila, sem cal, exceto quando caiava portas e janelas de madeiras, reparava chaminés ... em Canongate para toda Realeza de Broughtn ...”
Reull was to pay £6 a year, again in four instalments and with doubled penalties for any failure. There are altogether some fifteen records of `cowaners' admitted to work in the Canongate, including several men from neighbouring areas, and several records of penalties levied for infringement of the rules when they dared to undertake work that was not permitted to them.
Reulf devia pagar £ 6 por ano, também em quatro prestações e com uma penalidade dupla em caso de atraso. No total, existe cerca de quinze de cowaners admitidos ao trabalho em Canongate, incluindo, vários homens de áreas vizinhas, e muitos registros de penalidades aplicadas graças à infração dos regulamentos, em momento em que eles ousavam tomar para si trabalhos não permitidos para eles[4].
In 1705, the minutes of Lodge Mother Kilwinning indicate that although there were still some restrictions, the employment of cowans was occasionally to be permitted in the territory under its jurisdiction, but always depending on the availability of labour. The Lodge resolved:
Em 1705, as atas da Loja-Mãe Kilwinning indicam que, apesar de ainda haver algumas restrições, o emprego de goteiras era permitido ocasionalmente em território sob sua jurisdição, porém, sempre dependendo da oferta de trabalho. A Loja resolveu:
... that no man shall employ a cowan, which is to say without the word [i.e., the Mason word] to work; if there be one mason to be found within fifteen miles he is not to employ a cowan under the penalty of forty shillings, Scots.
“ que nenhum homem empregará um goteira, do qual é dito não possuir a palavra [i.e., a palavra do maçom] para trabalhar; se um maçom puder ser encontrado em uma distância de 15 milhas, não será empregado um goteira, sob a penalidade de quarenta xelins escocês.”

COWANS E INTRUSOS. QUAL É A DENOMINAÇÃO CORRETA?

The Oxford England Dictionary traces the use of the word `eavesdropper' “One who listens secretly to conversation”. The same authority quotes the word `entrewder' (= intruder) in an Act of Henry VIII, in 1534. So far as the Craft is concerned, to intrude means `to thrust oneself in without warrant or leave; to enter or come where one is uninvited or unwelcome'.
A definição do Dicionário Inglês Oxford para a palavra bisbilhoteiro é: “aquele que escuta secretamente uma conversa[5]”. A mesma autoridade cita a palavra “intruso” (= intruso) em um Ato de Henrique VIII de 1534. Até onde se interessa ao Oficio, significa “forçar a si mesmo”, sem permissão ou autorização, no sentido de encontrar ou ir onde não se é convidado ou onde não for bem-vindo.”
In our modern practice, both words are used. In the `Opening' ceremony, most workings speak of `intruders', but in the Investiture of the Tyler, Stability, Logic, Universal, West End, and most of the other widely used versions prefer `eavesdroppers'. Emulation, however, speaks of `intruders' in both places.
Em nossa prática moderna, ambas as palavras são usadas. Na cerimônia de abertura, a maioria dos textos fala de intrusos, porém durante a investidura do Cobridor, em Stability, Logic, Universal, West End[6] e na maioria nas versões mais conhecidas dos rituais é usado “bisbilhoteiros”. Entretanto, o texto de emulação fala de “intrusos” em ambos os lugares.
A cowan, in operative times, was certainly an intruder - from the trade point of view; he could not have learned very much of the trade if he merely listened under the eaves. In Speculative Masonry, it is likely that the eaves‑dropper, the secret listener, would be the greater source of danger.
Um goteira, nos tempos operativo, certamente era um intruso – do ponto de vista dos negócios, ele não poderia ter aprendido muito sobre comércio se meramente o conheceu escutando por debaixo das telhas[7]. Na Maçonaria Especulativa é provável que o bisbilhoteiro, aquele que secretamente escuta, seja grande fonte de perigo.
So it is not surprising, perhaps, that when the relevant words begin to appear in our ritual documents, c. 1710‑1730, the eavesdropper forms come first.
Então, talvez não seja surpreendente constatar que, quando as palavras relevantes começaram a aparecer em nossos documentos rituais, c. 1710-1730, elas tenham sido antecipadas pelas formas oriundas dos bisbilhoteiros.
The first hint of that word in the ritual is in the Dumfries No. 4 MS. of c. 1710, where there is a question:
A primeira pista das palavras do ritual está em Dumfries nº 4 MS, de c 1710, onde existe a seguinte questão:
`is ye house cleen' [i.e., is the room tiled?], and if the answer is `it is dropie or ill‑thatched . . . you are to be sillent'.
“está limpa a casa” [i. e., o recinto está coberto?], e se a resposta for “ela está gotejada ou destelhada[8]” ... você deve ficar em silêncio”.
In `A Mason's Confession' of c. 1727, there is a note to one of the questions:
Em A Mason’s Confession, de c. 1727, existe uma nota relacionada a uma das questões:
... the secrets of the Lodge are hid from the drop; that is, from the entered prentice, or any others not of their society, whom they call drops[9].
 “... os segredos da Loja estão ocultos à goteiras, ou seja, do aprendiz não admitido, e de qualquer outros de fora de sua sociedade, os quais são chamados de goteiras”
The earliest appearance of our `cowans and eaves-droppers' is in Prichard's Masonry Dissected, 1730:
A mais antiga menção de nossos “goteiras ou bisbilhoteiros” está em Masonry Dissected, de Samuel Prichard, de 1730:
Q.  Where stands the Junior Enter'd 'Prentice?
“P: - Onde se posiciona o (novo) Aprendiz Admitido?
A.  In the North. 
R: - No norte.
Q.  What is his Business?
P: - Qual é a seu trabalho (tarefa, negócio)?
A.  To keep off all Cowans and Eves-droppers.
Para afastar (manter longe) todos os goteiras e intrusos (bisbilhoteiros).”
Another question followed, implying that our Brethren in those days were very willing to let the punishment fit the crime:
Outra questão segue, mostrando que os nossos irmãos daqueles dias estavam muito desejosos de aplicar a adequada punição para o crime:
Q.  If a Cowan (or Listner) is catch'd, how is he to be punished?
“P: - Se um goteira (ou Ouvinte) é pego, como deve ser punido?
A. To be plac'd under the Eves of the Houses (in rainy Weather) till the Water runs in at his shoulders and out at his Shoes. 
R: - Deve ser colocado sob as calhas das casas (em tempo chuvoso) até a água entrar pelos seus ombros e sair pelos seus sapatos.”
Incidentally, the phrase `cowans and intruders' does not appear in our ritual until the late 1700s.
Incidentemente, a frase “goteira e intrusos” não aparece em nosso ritual até o final dos anos de 1700.

* Sergio Roberto Cavalcante é MM(I) da jurisdição da Mui Respeitável Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba.

FONTES DE CONSULTA:
Dicionário Larousse – Inglês/Português * Português/Inglês [avançado];
The Complet Idiot’s Guide to Freemasonry – S. Brent Morris, Ph.D., 33;
Freeman and Cowan with Special Reference to the Records of Lodge Canongate Kilwinning. AQC, vol. 21, pp. 198/199;
A Historia da Franco-Maçonaria – Jean Ferret;
As Origens da Franco-Maçonaria – David Steveson;
Revelando o Código da Maçonaria – Roberto D. Cooper;
The Freemason at Work – Harry Carr;







[1] A tradução (denominação, termo) mais proximo em português, conforme em vigor entre os maçons brasileiros, é “goteira”.
[2] Knoop e Jones, The Scottish Mason and the Mason Word, pp. 28/29. Manchester University Press, 1939.
[3] Cidade, distrito, vila.
[4] A.A.A. Murray, Freeman and Cowan with Special Reference to the Records of Lodge Canongate Kilwinning. AQC, vol. 21, pp. 198/199.
[5] Borough Records of Nottingham, por volta de 1487.
[6] Nesse caso, refere-se aos rituais do sistema maçônico inglês.
[7] Essa é a provável origem da expressão goteira. Costumava-se a dizer, no periodo operativo, que intrusos aprendiam os segredos maçônicos ao bisbilhotar, espreitando por entre telhas e calhas, as reuniões secretas dos maçons. Durante os encontros, quando os maçons percebiam que estavam sendo observados, eram alertados por um dos irmãos por meio da expressão cifrada “há goteira entre nós”, clara referência do que ocorre quando do mau posicionamento das telhas que cobriam o recinto.
[8] No original “it is dropie or illthatched”, sendo aqui a palavra dropie é usada no lugar de eavesdropper”
[9] No sentido de goteira.